segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Keep Walking

Hoje, palavras de outros para expressar sentimentos próprios, crenças e valores que desejo partilhar.
Muitos são os estudiosos da espiritualidade, da alma.
Hoje, escolho as da tecnologia da alma conhecida como Kabbalah, nas palavras de Yehuda Berg (segue uma tradução):

"Quando fazemos nosso trabalho espiritual – compartilhando, nos transformando, compartilhando mais – muitas vezes temos a oportunidade de ajudar os outros a se tornarem mais fortes e bem-sucedidos. É importante lembrar que mesmo que eles não atribuam o crescimento ou sucesso deles a nossa contribuição, não significa que não obtivemos sucesso.

Muitas vezes, nós esperamos o agradecimento, o crédito, o reconhecimento de nossa participação no processo. Infelizmente, quanto mais esperamos e esperamos, na verdade, mais perdemos.

Nós nos confundimos com o que é nosso e o que não é. Seja com a nossa carreira, nossos amigos, nossa família, quando sentimos que 'é meu', começamos a perder. Se você olhar o verdadeiro sucesso, ele vem sem apego. É preciso que seja menos importante a maneira como os outros vêem a nossa contribuição e mais importante a maneira como o universo leva isso em consideração.

Quanto mais apego tivermos, na verdade, menos conquistaremos. Quanto mais controle quisermos ter, menos conseguiremos controlar. Quando abrimos mão – que não significa simplesmente abdicar da responsabilidade, mas sim agir como um verdadeiro líder em que as fileiras abaixo de nós tenham liberdade de movimento – podemos fazer e realizar muito mais.

Seguir em frente exige adquirir mais confiança no Criador. Saber que pode atingir mais pessoas e compartilhar mais se parar de administrar os detalhes e passar a dominar menos – não é um conceito fácil de ser executado. Requer uma mudança de consciência.

Uma grande liderança é resultado de confiança e de delegar responsabilidade e poder para as pessoas atrás ou abaixo de você. Quanto mais bem-sucedidos quisermos ser, mais temos que encontrar um meio de compartilhar um pouco da pressão e controle com as pessoas abaixo de nós, e encorajá-las a fazer o mesmo com aqueles abaixo delas e assim por diante.

O universo trabalha de um jeito tal que um pouco de tudo que temos e influenciamos não pode ser para nós; aproveitado por nós, beneficiado por nós, usado por nós. Tentar agarrar-se a tudo só faz as coisas diminuírem.

Nada é só nosso. O universo vai acabar nos ensinando isso da maneira difícil, se não aprendermos sozinhos. E para aqueles – filhos, amigos, parentes, colegas de trabalho – que sabemos que podemos influenciar de forma positiva – como podemos garantir que as lições que recebem serão boas? Quanto mais conseguirmos abrir mão e não tentar ter controle completo – mais o universo irá completar o processo de aprendizado deles.

Como podemos garantir que a experiência ou lição é aquilo do que eles precisam? Através do 'não tentar controlar tudo'. O universo e outras pessoas vão ensinar a eles, exatamente da mesma maneira que o universo nos ensina.

Então, esta semana pratique o desapego. O não controlar. Permita que todos os outros saboreiem os frutos. Quando você planta uma semente, cem pessoas podem saborear os frutos, por isso não tente se agarrar a todos eles.

Tudo de bom,

Yehuda"

Boa semana de plantios e aprendizados.

Saudades, delícia. Hoje e sempre.

Beijos,
Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

Amores Imperfeitos

Ela deve ter sofrido calada um bom tempo.

Mas todo mundo sabe que é impossível
esconder as coisas por muito tempo. Um
dia as verdades precisam vir a tona.

E como aconteceu?

No meio de um dos meus períodos de
serviço na plataforma. Aquele que a gente
passa duas semanas no mar e duas semanas
na terra.

E?

E o que aconteceu foi que ela me ligou e
disse que estava pegando um avião de
volta pro Brasil, que não aguentava mais,
que ia embora.

E você?

Eu dei um jeito, consegui que me
substituissem na plataforma. Peguei o
primeiro transporte de volta a terra e
fui atrás dela. A gente precisava
conversar.
Mas, isso foi só no dia seguinte e a
louca já tinha ido embora. Deixou a casa
toda virada, como se tivesse acontecido
um assalto.

E por que ela fez isso?

Não sei.

Ele levanta a cabeça e olha para longe.

As vezes as pessoas guardam tantas mágoas
ao longo do tempo. Reprimem tudo. Tentam
se enganar e manter uma situação.
Vão cozinhando aquela coisa lá dentro,
criando monstros malucos e esperando que
as situações se consertem por si só. Mas
uma dia a pessoa explode e projeta todos
esses monstros no outro.
Como se outro pudesse adivinhar tudo. Como
se o outro tivesse culpa pelas suas
próprias inseguranças e medos. Pela sua
própria incapacidade de ser honesto
consigo mesmo.

Eu sei muito bem do que você está
falando.

Aí cometem a covardia de lavar a roupa
suja, numa carta, num telefonema, num e-mail, mas,
nunca pessoalmente.

Falar as coisas olho no olho é pra
poucos.

Eu sei.

Amores perfeitos

Um ano passa rápido... É o prazo mínimo
do meu contrato para que eu possa pedir
transferência de volta para o Brasil.

Eu não quero te perder uma segunda vez. A
vida quis que nos reencontrássemos nessa
situação limite. Isso só pode ser uma
sinal.

Eu sei, eu sei. E foi como se nunca
tivéssemos nos separado. Essa foi a
melhor noite da minha vida.

Então fica. O que pode ser mais
importante?

Como a gente faz para voltar o relógio?

Eu não sei como fazer voltar o relógio.
Mas sei exatamente como quero gastar o
resto do tempo que falta na minha vida.

Por que a gente se separou?

Por que a vida quis assim. Porque não era
hora.

E agora vai nos separar de novo.

Você acredita mesmo nisso?

Nada como a distância e o tempo para
diminuir a dor... Qualquer dor?

Ou aumentá-la até ficar insuportável.

Hoje em dia é diferente, a tecnologia
nos aproximou, vamos poder nos ver e
falar o tempo todo.

Mas nada substitui o toque.

Ela pega a mão dele e a beija fechando os olhos para
depois abrí-los e falar.

Você vai pra tão longe.
Eu posso te contar uma coisa?

Claro.

Não é a primeira vez que a gente se vê.

A gente se conhece há 10 anos.

Eu sei... eu quero dizer que hoje não foi
a primeira vez que eu te vi.

Como assim.

Eu te vi a primeira vez na agência de
viagem faz uma semana.

Uma semana? É mesmo, eu tava lá fechando
os detalhes da minha reserva. Por que
você não entrou para falar comigo?

Ela fica muda.


Por que?

Eu não sei, fiquei com medo.

Medo?

Medo de você nem me reconhecer direito.

Uma semana.

Depois disso eu passei lá todos os dias
no mesmo horário.

E eu quase pedi que me entregassem a
passagem em casa.

Eu nunca deixei de te amar.

Como vamos nos despedir?

Ela o puxa para perto de si, o abraça e fala sobre seu
ombro, para o vazio atrás dele.

Eu não quero ver você partir.

Eu não quero ver você partir.

Eu não quero ver você partir.

Eu não quero ver você partir...

Amores feitos

Segunda, 07 de dezembro de 2009.

Depois que eu larguei a universidade eu fiquei perdida por uns dois
anos. Aí encontrei o meu ex e acabei
casando. Acho que foi uma fuga. Acho que
eu usei o casamento para me esconder da
vida.

E você nunca retomou o curso.

Não...

Você foi a minha caloura preferida.

Eu sei.
Hoje eu vejo que me escondi por trás da
segurança do casamento e deixei a vida
passar.

Segurança efêmera...

Especialmente quando você descobre que
foi traída.

E eu usei o meu casamento pra mostrar pra
mim mesmo que eu era um cara normal.

Como assim.

Eu não devia estar falando disso com
você.

Por que?

Porque... Porque, a gente devia falar de
outras coisas mais interessantes. O que
passou, passou.

Eu falei de mim, agora você tem de falar
de você.

Ele hesita.


Meus amigos todos estavam se casando,
tendo filhos e eu preocupado com a minha
carreira, em viajar pelo mundo. Aí eu
começei a pensar que tinha alguma coisa
errada comigo.

Por que?

Sei lá. Acho que eu começei a pensar que
eu já estava ficando velho, que o momento
tinha chegado para casar e ter filhos.

Mas você não teve filhos, teve?

Não, ainda bem. Mas foi aí que eu
encontrei a ex e ela dizia que não
queria filhos. Que iria pra qualquer
lugar comigo e eu começei a achar que ela
realmente poderia ser a minha alma gêmea.

E ela te acompanhou nas suas viagens.

Acompanhou e foi maravilhoso no início.
Mas com o tempo eu começei a perceber que
ela não queria aquilo de viver pelo
mundo. Que no fundo era um sacrifício que
ela estava fazendo por mim. Que o que ela
queria mesmo era ter apenas casado, tido
filhos e seguido uma vidinha pacata de
dona de casa. Viajar pelo mundo, nem
pensar.

E eu não conseguia me ver naquela
situação.

Amores

Eles sobem a rua de mãos dadas.
Ele a puxa para perto de si. Ela curte o abraço por
alguns segundos até que pergunta.


Há quanto tempo a gente não se via?

Você já percebeu que já é a segunda vez
que você me pergunta isso?

E não pode?

Não, sei... Acho que já fazem uns bons
dez anos.

Dez? Só isso? Mais...

Pode ser... é tão fácil desaparecer nessa
cidade. É tanta gente que você pode
passar a vida inteira sem encontrar uma
pessoa que mora ali do seu lado.
Um amigo meu teve uma namorada na
faculdade, estudaram a mesma coisa,
trabalham até hoje mais ou menos na mesma
área, mas nunca mais se cruzaram. Se
quiserem, um pode encontrar o outro a
hora que for. É só procurar um pouco,
mas pra quê?

As vezes isso me dá uma sensação de
conforto.

As vezes é mais fácil deixar a cidade
engulir a gente.

Eu penso nisso sempre, são os seis graus
de separação. Vivemos tão longe e ao
mesmo tempo tão perto um dos outros.

E nada como como São Paulo para te fazer
sentir solitário no meio de vinte milhões
de pessoas.

Pera aí. Eu te vi uma vez no cinema.

Cinema?

Foi, mas, essa não conta, porque a gente
não se falou.

Como não se falou? Você me viu e não veio
falar comigo?

Não. Pra quê? Eu tava com o meu ex.

Ele concorda com a cabeça. Ela levanta os braços pro
céu.


Que deus o tenha.

Ele morreu?

Não, era ciumento.

Ele ri.

Mas para mim é como se tivesse morrido.

Tá rindo de que?

É assim que você vai fazer quando eu me mudar?

Assim como?

Vai me matar, me riscar da sua memória.

Outra vez? Por que a gente já tá
namorando?

Ele ri e abaixa os olhos.

O que foi?

Não, nada.

Sei... vai fala. Eu tava brincando.

Não tem nada para falar.

Vai fala.

É que você fala assim com tanta
desenvoltura.

Do que.

Do seu ex-marido.

E qual o problema?

Queria que fosse assim tão fácil pra mim
também.

Por que?

Não sei. Vamos indo.

Espera aí.

Deixa pra lá, vamos indo.

Você não vai fugir dessa tão fácil.

Os dois se olham. Ele a abraça com uma certa
sofreguidão. Ela retribui carinhosamente.


Porque a gente se separou?

Porque eu conheci a minha ex-mulher.

Coisas que acontecem.

Coisas que não deviam acontecer.

E ela quis sair pelo mundo com você.
Explorar petróleo no Golfo do México.

E eu não quis.

As vezes a gente toma decisões
precipitadas.

Mas você foi feliz com ela.

Por uns cinco minutos.

Não fala assim. Eu tenho certeza que
vocês tiveram bons momentos. Só que não
deu certo. Comigo não foi diferente.

Eu...

Fala..

As vezes acho que nunca mais vou
conseguir voltar a amar.

Não fala assim, você sabe que isso não é
verdade.

Por que eu estou falando nisso agora? Com
você?

Porque a gente um dia se amou.

Mas o que dá errado uma vez. Dá errado
duas vezes.

Você acredita mesmo nisso.

É a minha teoria.

Teorias podem ser derrubadas.

O que dá errado uma vez. Dá errado duas
vezes. Está comprovado.

Por quem?

Ele ri.

Pelo jeito essa é só mais uma teoria do sr.
engenheiro.

Você tentaria de novo?

Eu acabei de correr atrás de você por 13
andares. O que você acha?

Mas amanhã eu vou embora.

Pra outro país. Nada na vida é perfeito.

Nem o amor.

Nem o amor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Amores Imperfeitos

Skank
Composição: Samuel Rosa - Chico Amaral

Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
Mas sempre fica alguma coisa
Alguma roupa pra buscar
Eu posso afastar a mesa
Quando você precisar

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Eu não quero ver você
Passar a noite em claro
Sinto muito se não fui seu mais raro amor
E quando o dia terminar
E quando o sol se inclinar
Eu posso pôr uma toalha
E te servir o jantar

Porque
Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar

Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Beijos e feliz dia das crianças!! Que possamos todos resgatar a beleza da infância em nossos corações.

Good night, my Angel.

Felipe

sábado, 10 de outubro de 2009

Prêmio ao Cinema Brasileiro

Quarta-feira, 07 de outubro de 2009.

Há alguns dias aconteceu mais uma cerimônia de entrega de prêmios para o Cinema Brasileiro. A Contigo contribuiu para uma parte dos filmes lançados no último ano. Bela atitude, nossa arte agradece, e muito! Dentre os premiados, muitos queridos.
Mas, me emociona, e muito, lembrar da atuação premiada da noite: nosso querido Daniel Oliveira em “A Festa da Menina Morta” (exuberante direção de Matheus Nachtergaele). Ao ver o filme, minha comoção e envolvimento com aquele personagem tão íntimo e tão distante de mim, em constante desconstrução e reconstrução, uma... embalada atuação.

Depois, soube que o Butoh fez parte da preparação e da rotina do tempo vivido no vilarejo em que se passa o filme. Meu interesse e admiração aumentaram e cresceram ao ouvir de algumas das apresentações de Daniel. Apresentações de Butoh. Diárias. A dança da vida e da morte, do fim e do começo, o invisível que embala e conduz o visível, a dança das mãos que voam (como as de Daniel em cena).

A dança Butoh: nascida como uma resposta artística a destruição causada pela bomba atômica em Hiroshima, procura dançar o invisível, tocando o local das almas. O eterno renascimento expresso nas formas deformadas dos movimentos, que buscam a beleza no feio, na destruição. A busca da ancestralidade, o dançar a vida e a morte no mesmo instante.

Presenças na atuação desse grande ator. Quanta atraente repulsa nos causa por vezes sua santinha, quanta dubiedade, quantas contrariedades, quanta dança da vida e da morte circula pelo corpo e movimento de tão, tão... de tal criatura. Quanto invisível carrega o visível e nos envolve e revolve, revolta e cativa. Que prazer vê-lo receber o reconhecimento de sua entrega, de seu trabalho, tão intenso e vivo. Um grito de arte! Mais um de tantos que sabemos virão para reconhecer mais de sua obra. Afinal, se essa qualidade ele tem hoje, jovem, e continua mostrando que está em transformação constante, em crescimento visível, prever que a maturidade dos anos e da vida transcorrida elevarão ainda mais sua qualidade de atuação não parece um engano. Sim, muitos virão, como muitos personagens e obras. E a sorte é nossa, de podermos presenciar tudo na telona no escurinho do cinema.

Parabéns, amigo.

Boa sorte, irmão.

Good night, my Angel.

Beijos,
Felipe

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Santos & Anjos

Sábado, 03 de outubro de 2009.

Santo
Leo Lama

Você me amou de um jeito louco.
Quanto mais me dava, mais tirava um pouco
E me devolveu pra noite escura
Pra solidão da minha loucura
Agora eu tenho que ser cruel comigo
E matar o que houve de melhor em mim
Mas, eu já tomei banho de ácido
E você não morre, e você não sai, você não tem fim
E nem adianta dizer que eu te quero tanto
Vai acabar
Mesmo, esse amor vai virar santo
Vai chover meu pranto, vai
Vai chover meu pranto
Eu vou virar
Eu vou virar
Santo
E nem adianta dizer que eu te quero tanto
Vai acabar
Mesmo, esse amor vai virar santo
Vai chover meu pranto, vai
Vai chover meu pranto
Eu vou virar
Eu vou virar
Santo
Você me amou de um jeito louco
Quanto mais me dava, mais tirava um pouco
E me devolveu pra noite escura
Pra solidão da minha loucura

A more

Quinta-feira, 01 de outubro de 2009.

Eles riem e se divertem enquanto caminham sobre o viaduto do chá.

Eu cheguei primeiro!

O elevador já tinha parado.

Mas você não tinha aberto a porta.

Mas eu já tinha chegado.

Não interessa.

Eu te dei três andares de vantagem.

E daí, mas eu cheguei primeiro


Ele a pressiona contra o parapeito do Viaduto.

Eu ganhei.

Eu ganhei.

Eu ganhei.

Eu ganhei.

Eu ganhei.

Eu ganhei.

Ele a aperta mais contra o parapeito do viaduto.

Vai ser assim então?

Assim como?

Assim na força bruta?

Eu ganhei.

Não ganhou.

Ele cola o seu rosto no dela, pressionando-a ainda mais.

Ganhei.

Vai me jogar daqui de cima?

É uma boa idéia. Você vai aceitar a sua derrota, ou não vai?

(com o nariz em pé)
Eu ganhei.

(mais suave)
Eu ganhei.

(mais suave ainda)
Não meu amor. Eu ganhei.

Ele a encara sorrindo.

E você sabe disso, só não quer aceitar.

Seu sorriso se transforma num doce olhar de admiração. Ela aproxima o seu rosto do dele.

Vai admite que eu sou mais rápida que o seu elevador favorito.

(sorrindo)
Elevador favorito?

Você que falou.

Você é tão linda. Como eu pude um dia te deixar?

(carinhosamente)
Porque no fundo você era um trouxa.

Os dois se encaram por alguns segundos. Ele perdeu a
batalha, e se entrega. Os dois se beijam.

Romance Vol. II

Domingo, 27 de setembro de 2009.

Sofre
Tim Maia

É engraçado
A gente ama, ama, troca juras de amor, promete nunca mais se
separar.
A gente deposita uma confiança tão grande na pessoa amada,
que a gente jamais poderia imaginar que essa pessoa
esteja lhe traindo de uma maneira tão fria e suja.
A dor que você sente é tanta, que você deseja até morrer.
Mas, desta dor nasce um ódio, um rancor,
Uma espécie de vingança, que eu agora vou cantar.

Não vou mais chorar,
Mas, se eu for chorar
Vai ser baixinho pra ninguém me ver
O quanto eu sofro, pois, amei você

Vou seguir o meu caminho triste
Como antes de te conhecer
Porém, marcado, magoado, humilhado
Pode crer

Você foi mulher
Mas, se isso é ser mulher
Está enganada, pois, não é não
Isto foi pura podridão

Se valeu do sentimento puro
e belo que eu tinha por você
Só pra fazer das suas crueldades e maldades
Sem perdão

Agora sofre
Sofre
Por todo mal que você me fez
Você bem cedo irá pagar

Você disse pra todo mundo que eu era o mal
Mas, foi você quem riu
E que me fez penar

Não vou mais chorar,
Mas, se eu for chorar
vai ser baixinho pra ninguém me ver
O quanto eu sofro, pois, amei você

Vou seguir o meu caminho triste
Como antes de te conhecer
Porém, marcado, magoado, humilhado
Pode crer.

Você foi mulher
Mas, se isso é ser mulher
Está enganada, pois, não é não
Isto foi pura podridão

Se valeu do sentimento puro
e belo que eu tinha por você
só para fazer das suas crueldades e maldades
Sem perdão

Agora sofre
Sofre, sofre
Por todo mal que você me fez
Você bem cedo irá pagar

Você disse pra todo mundo que eu era o mal
Mas, foi você quem riu
E que me fez penar

Agora Sofre
Sofre

Por todo mal que você me fez
Você bem cedo irá pagar

Você disse pra todo mundo que eu era o mal
Mas, foi você quem riu
E que me fez penar

Não vou mais chorar,
Mas, se eu for chorar
vai ser baixinho pra ninguém me ver
O quanto eu sofro, pois, amei você...


Uma das músicas que nossa grande artista Marisa Orth canta em seu show “Romance Vol. II”, e que tenho a oportunidade de assistir constantemente. Uma grande artista, sim. Não apenas seu exuberante tamanho e beleza o afirmam, como ela se reafirma na arte, fazendo desse espetáculo momento de delicioso encontro, relaxamento e diversão, ‘contando-nos’ o caminho costumeiro do amor, do romance humano. Ela conduz, claro, com despojamento, misturando uma espécie de stand up com um verdadeiro show musical, onde versa sobre o amor com voz segura demais para quem seria “apenas” atriz. Sim, o caminho de Marisa pela música já é longo, e aqui, ela mostra o que aprendeu e, a cada novo show, a cada nova participação recebida no palco, nos agracia com novidades e polimento artístico que a coloca sim dentre a turma das ‘cantoras’.

Fique atento. Os shows foram em SP e RJ.

Agora, Paraty no final de semana de 10 de outubro.

E segue em movimento.

Parabéns, amiga querida. Bela voz, gostoso cd, exuberante e empolgante show de ode ao amor.

E viva o amor, o romance, e o volume dois!

Boa sorte.

Beijos,
Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

Amor

Sexta-feira, 25 de setembro de 2009.


Eu nunca imaginei que você tinha esse lado romântico.

Romântico? Eu?

É, o que eu conheci não andava por debaixo das árvores, sonhando com carruagens e estradinhas bucólicas, escondidas no parque da cidade. Eu me lembro do rebelde, sonhador, que queria viajar pelos quatro cantos do mundo.

Você ta me gozando?

Não, pelo contrario. Eu adorei conhecer esse seu novo lado. ... Há quanto tempo a gente não se via?

Não sei... faz muito tempo.

Parece que foi ontem.

Mas, o tempo passou e deixou marcas.

E por isso você está se mandando.

É, pode ser...

Você lembra aquela vez que a gente veio andar de patins aqui no parque? ... Tava um frio danado.

Ah, lembro... Lembro que depois a gente não saiu debaixo dos cobertores.

Sei... Dessas coisas você lembra bem.

Os dois se olham. Tempo.

Você quer conhecer o meu lugar favorito na cidade?

Não era a estradinha bucólica?

Não, esse é o segundo favorito.

Um trovão ecoa.

O último a chegar no taxi, paga a conta.

Que conta? Espera aí!

Amo

Quarta-feira, 23 de setembro de 2009.

O que foi?

Você continua linda.

Eu já to passada.

Não fala assim.

O que foi?

Nada.

Vai, fala. ... Por que a gente se separou?

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

SACRIFICE

Elton John

It's a human sign
When things go wrong
When the scent of her lingers
And temptation's strong

Into the boundary
Of each married man
Sweet deceit comes calling
And negativity lands

Cold cold heart
Hard done by you
Some things look better baby
Just passing through

And it's no sacrifice
Just a simple word
It's two hearts living
In two separate worlds
But it's no sacrifice
No sacrifice
It's no sacrifice at all

Mutual misunderstanding
After the fact
Sensitivity builds a prison
In the final act

We lose direction
No stone unturned
No tears to damn you
When jealousy burns

Cold cold heart
Hard done by you
Some things look better baby
Just passing through

And it's no sacrifice
Just a simple word
It's two hearts living
In two separate worlds
But it's no sacrifice
No sacrifice
It's no sacrifice at all

I give my heart
I give my heart
I give my heart

Se não passamos pelo Vale da Tristeza, como apreciar de fato os cumes da Alegria?

21 de agosto de 2009.

Notável é o artifício com que a natureza formou os nossos ouvidos. Cada ouvido é um caracol e de matéria que tem a sua dureza; e como as palavras entram passadas pelo oco deste parafuso, não é muito que quando saem pela boca saiam torcidas.

De que adianta se o outro não lê o que você pensa escrever? Se ambos entendem tortas palavras escritas na tortura da dor? Se ainda desentendem assim, sentimento ainda há. Mas, de que serve? Apenas para machucar mais. Deixe estar. Vit ta vie. Viva sua vida, e deixe que o outro viva a dele. Se o outro julga que logo é se relacionar com um terceiro, deixe estar. Afinal, não lhe diz mais respeito. Dói, por certo, mas, você nada pode fazer, cada cabeça, uma sentença. E muito própria. Apenas a pré-disposição pode trazer o entendimento entre feridos. Mas, tem de ser mútuo o querer. Apenas não continue, se a nada construtivo leva.

Pois, nada de lindo e amável, nenhuma declaração de seu amor terá valor se as palavras seguintes forem torcidas, seja na saída ou na chegada.

Afinal, quando feridos estamos, tendemos a pensar de uma forma e se expressar completamente torto. Claro, como escritor das palavras, a certeza de que nos fazemos entender. Como leitor, ah, que surpresa! A dor, tudo torce. Tanto de cá quanto de lá, tanto da escrita, quanto da compreensão da leitura. E o estrago se perpetua. E de nada adianta o desculpar ou o culpar. Humano errar. Só isso se pode pensar. Deturpações. E logo vem acusações de atitudes. Estranho como o acusado percebe as acusações no acusador também. E tudo prova que ninguém mudou, que nada se transformou. Ainda que se deseje que sim, e que se coloque a si próprio dessa forma. Ego no comando, quando precisamos dizer que atingimos o superar; prova de que nada se aprendeu.

E não caia mais uma vez nos julgamentos e palavras duras do outro, nas comparações de como suas antigas relações não deram certo, por exemplo. Lembre-se de que elas deram certo, pelo tempo que duraram. Ou com todas as pessoas que se relacionou nunca mais falou? E se foi assim, acha mesmo isso normal e saudável? Cuidado com o que deseja para si; pode ser que esteja apenas aceitando o que a mágoa alheia lhe deseja naquele momento. E os momentos podem mudar, ainda que levem, digamos, dez anos. Ouvir coisas como: “você me inveja e tem raiva porque eu dei certo e você não”, é uma coisa; aceitar tal coisa ouvida como verdade, é outra bem diferente. E, creia-me, se algo assim ouviu, a doença não é sua. Ou, pelo menos, é mutua, se você cogitou que talvez o ser amado que o esbravejou possa estar certo. Cuidado, sei que amar nos deixa num limiar, mas, esforce-se em perceber que quem amamos não passa a ser perfeito apenas pelo que sentimos. Não, continua humano e falível, como você. Mesmo que o amado seja chamado de anjo amorosamente, mortal ainda o é. Até quando quer se colocar como superior, ou tendo ‘dado certo’. Aliás, denota sua maior mortalidade com tal postura. E será capaz de lhe acusar de deturpar palavras, lembrar apenas o que lhe convêm, e tudo com palavras que fazem exatamente o que lhe acusam. O que também não quer dizer que você não o faça mesmo. Ah, que beleza tentar discutir, elevar, com dor e coração ferido, hein? Que bela porcaria não saber se calar. É, eu sei. Talvez, se se calar, nunca terá outra chance de falar e tudo consertar. Mas, seguindo todo esse raciocínio, nada está a caminho de conserto, certo?

Mais uma vez, viva e deixe viver. Cada um encontrará sua forma de lidar com o momento. E lembre, não lhe cabe julgar. E, mais, lembre que na dor, as palavras saem torcidas e entram feridas. O engano geral é certo. Principalmente quando escritas ou ditas através de aparelhos. Não se vê o verdadeiro olhar que acompanha a palavra que escrita soa diferente, e muito. Não se sente a respiração e o mexer nervoso de quem deseja ardentemente solucionar, perdoar e ser perdoado; não se vê o corpo a movimentar atraído pela pele e o abraço de que se tem tanta saudade. Até mesmo as palavras aqui lidas podem e serão torcidas. Que dirá a de amantes feridos escritas um para o outro em dor e mágoa. As palavras sempre são lindas, desde que em tempos de paz ou pré-disposição. Senão, deixe estar. A vida dá voltas. Claro, podem ser voltas para longe do outro. Que seja, pois. Continua a vida para ambos, anunciando-se isso ou não. O sol nasce para todos. E um dia, tudo passará. Até estes corpos nesta terra. E este sentimento. Até isso passará.

E entenda que só o amor não basta. Relacionar-se nem sempre é fácil. Mas, sempre, não é todo dia.

Mais uma vez, keep walking. Estamos sempre no caminho. Apenas não pare, seja como for. E deseje todo o amor ao seu anjo. Como o desejo ao meu.

Esteja onde estiver. Hoje e sempre. Como sempre foi.

All my love for you, my angel.

Beijos,
Felipe

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Wild Horses

Rolling Stones

Childhood living is easy to do
The things you wanted I bought them for you
Graceless lady you know who I am
You know I cant let you slide through my hands

Wild horses couldnt drag me away
Wild, wild horses, couldnt drag me away

I watched you suffer a dull aching pain
Now you decided to show me the same
No sweeping exits or offstage lines
Could make me feel bitter or treat you unkind

Wild horses couldnt drag me away
Wild, wild horses, couldnt drag me away

I know I dreamed you a sin and a lie
I have my freedom but I dont have much time
Faith has been broken, tears must be cried
Lets do some living after we die

Wild horses couldnt drag me away
Wild, wild horses, we'll ride them some day

Wild horses couldnt drag me away
Wild, wild horses, we'll ride them some day

Palavras

“Pra que mentir tanto assim, se tu sabes que eu sei que tu não gostas de mim; tu sabes que eu te quero, apesar de ser traído pelo teu ódio sincero, ou por teu amor fingido.”

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Como

Como vai você? Como vai o seu nome? Como vão os seus... temores?... eu queria...nada... nada.

Fala.

Como vai o seu coração? Eu não sei dizer aquelas coisas que você quer ouvir; e na minha boca ficam melhores as coisas que ouço das outras pessoas... (é tanta coisa que eu fico sem jeito. Sou eu, sozinho e esse nó no peito já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.)

Você falou.

Você que pensa. (...assim como eu preciso aprender a ser só, reagir e ouvir o coração responder...) o que eu tava falando mesmo?

É tanta coisa pra gente entender.

Tell you just how fine you look. In a world, you are sexy. All of my cool atitude you took. Be with me darling. Until the end of all time. I’ll give you my heart. I’ll give you my mind, I’ll give you my body. I’ll give you my time. For all my time I am with you. You are with me.
Ah, lembrei. Eu preciso aprender a só ser.


Take a deep breath, angel. Take back your wings and come back to me... in 10 minutes!
All my love for you.

Beijos,
Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

Do budismo de Nitiren Daishonin, Nam Myo Horengue Kyo significa "eu me devoto a Lei de Causa e Efeito". Poderosa lei que foge por vezes de nossa compreensão, mas, jamais falha. Pode até tardar. Então, lembre-se: o que plantar, colherá, seja o amor, seja o oportunismo; se seguir o amor do coração e da alma, belezas colherá. Mas, plante uma ou duas vezes em sua vida por um tempo relações baseadas no interesse financeiro e social, e verá que tudo tem seu preço, cedo ou tarde. E não viver um grande amor, acredite, nesse mundo em que viemos para aprender e evoluir, é um elevado preço.
Boa sorte em seus plantios.
Melhor em suas colheitas.
Fique bem, anjo amado.

Beijos,
Felipe

terça-feira, 18 de agosto de 2009

PARA ALÉM DOS CONFLITOS DE ILUSÃO E VERDADE

18 de agosto de 2009.

"Determine além do seu estado de vida, além dos limites de sua mente, na confiança total à Lei Mística, guie seu objetivo por meio do Daimoku. Não se condicione pelas circunstâncias da vida e não procure extrair conclusões lógicas baseadas nos eventos, porque não existe nada de definitivo ou irreversível. Considere os obstáculos e sofrimentos como grandes ocasiões e abrace o Gohonzon por toda a vida, aconteça o que acontecer".( DI )

Verdade, eu sei, por vezes não parece fácil ou sequer possível. Quando a alma clama em dor por mudança, então, mais ainda. E verdadeiramente, a transformação só é possível através de nós mesmos.

Responsabilidade, hein. Tudo causa e efeito de nossas próprias atitudes. Mas, e quando inclui as atitudes e posturas dos outros, também envolvidos nas questões? Como lidar com responsabilidade e consciência com a atitude alheia, a vontade do outro, que arde como a sua, mas, teima em mudar de rumo, virar o olhar, acreditar diferente?

E quando a paixão arrebatadora bate-nos a cara, então? E quando, além disso ainda, a certeza de que o amor a paixão acompanha, como agir? Com a calma e certeza do amor eterno, ou a premência e ardor da paixão? Como agir sem perder o ser amado, a possibilidade de viver tamanha benção?

Agindo com torpe responsabilidade pode-se acreditar que o eterno prevalece e combinar num estranho pacto viver o amor anos depois. Pode-se? Mesmo? Temos esse direito. Claro, compromissados no presente, se é eterno, porque não? Ah, que bela a ignorância de se acreditar no eterno. E ainda se sentir grande ser, pois, afinal, se impede a dor e tristeza dos outros, como um bom samaritano. Em prol de poupar outros amados, pode-se mesmo, temos mesmo o direito de protelar viver o grande amor da vida? Mesmo com a certeza do reencontro? Ainda que muitos anos depois?

Pois bem, o que soa loucura ou imbecilidade, quando se está no furacão, parece ser o único caminho e prumo a se seguir. Tola ingenuidade! Anos guardando sentimentos, suprimindo, fechando numa comporta. Por vezes nos achamos mesmo muito fortes a ponto de acreditar ser possível esse hiato e retomar do mesmo ponto emocional. E ainda de poder dez anos depois lidar com a enxurrada que vem com as comportas abertas. A questão é que, por mais esforço que se faça, a “água” represada não se permite sair devagar, não importa os gritos ou a força feita. A inundação é iminente. Por vezes, até um pouco retardada, mas, a luta contra a natureza sempre nos engana. Achamos que enganamos, domamos, mas, a natureza é implacável e poderosa; ela nos invade e toma! E como perdidos no meio do mar revolto e enlouquecido, sem tábua a se salvar somos dominados sem pudor ou dó. E nos debatemos, sem perceber o que fazemos e sem saber ao certo o que se passa. E ainda soma-se a isso a urgência de muitos anos de silêncio e distância; a loucura em corpos humanos. Quem pode realmente, verdadeiramente dominar a Natureza? Vã ilusão.

Oh! Meu Deus, não vê que isto é pecado, não vê que é injusto sofrer injustiça por tentar ser justo?

“não regula hein?!! se entrega mesmo, sem medo de ser feliz!!! Te garanto que não te deixo cair no chão, se voce se jogar de cabeça!!” diz o amor! Mais sincera a colocação amiga, de “ok, vá atrás dela, insista mais uma vez, porque do chão você não passa”. É, não passa. Mas, o duro é erguer-se. Sabe o coiote de Papaleguas, quando cai e se estatela no chão? O corpo grudado, inteirinho, colado ao chão. Engraçado, mas, nada divertido o que vem do firmamento entrando pelo topo do ser e arrancando o coração através da alma, deixando o rastro de dor do urro silencioso rumo as estrelas. Sentir o fim quando a vida ainda é longa, em nada é bom.

Outro turbilhão se forma, de uma enxurrada que inunda sem aviso muitas vezes por dia os olhos que já imploram por clemência. Que importa se merecidamente ou não; que importa se o sentimento alcança o outro coração? A dor não se importa, apenas está e teima em ficar. Então, mudar. Como, se o atordoar tira toda a noção? Crendo na própria mortalidade, entregar-se a humildade de saber que nada se sabe. Acreditar na sabedoria de palavras alheias. Crer na Lei de Causa e Efeito. E seguir em frente. Plantar, cada vez, a cada dia, mais amor. Mesmo a quem não quer ouvir. E se a dor não passa? Bem, continuar assim mesmo. E aceitar que talvez ela seja, como o sentimento do amor, fiel companheira. Talvez ela sim, eterna. E o que se carrega no coração, independente de outros seres, por mais que se sinta falta da mão unida, do gosto do beijo, o cheiro do amor, o tremor dos gemidos silenciosos que os olhares trocam. Mesmo com, e apesar da saudade, continuar. Keep walking.

Estranhos sentimentos, mais estranhos dizeres. Quem lê minhas palavras enxerga espelhos infinitos onde nós, que temos o conhecimento do pensamento e da abstração, viramos crianças inocentes perdidas num labirinto. E minha palavra é como um labirinto, cheio de túneis e redemoinhos.

E eu só queria falar de amor. Ninguém sabe o tanto que eu amei.

NAM MYO HORENGUE KYO

PAIXÕES

16 de agosto de 2009.



As paixões do coração humano, como as divide e numera Aristóteles, são onze; mas, todas elas se reduzem a duas capitais: amor e ódio. E estes dois afetos cegos são os dois pólos em que se revolve o mundo, por isso, tão mal governado. Eles são os que pesam os merecimentos, eles são os que qualificam as ações, eles os que avaliam as prendas, eles os que dividem as fortunas. Eles são os que enfeitam ou descompõem, eles os que fazem ou aniquilam, eles são os que pintam e despintam os objetos dando a seu arbítrio a cor, a figura, a medida e ainda mesmo ser e substância, sem outra distinção ou juízo que aborrecer ou amar. Se os olhos vêem com amor, o corvo é branco; se com ódio, o cisne é negro; se com amor, o demônio é formoso; se com ódio, o anjo é feio; se com amor, o pigmeu é gigante; se com ódio, o gigante é pigmeu; se com amor, o que não é tem ser; se com ódio, o que tem ser e é bem que seja, não é e nem jamais será. Por isso se vêem com perpétuo clamor da justiça os dignos levantados e as dignidades abatidas; os talentos ociosos e as incapacidades com mandando; a ignorância graduada e a ciência sem honra; a fraqueza com um bastão e o valor posto a um canto; o vicio sobre os altares e a virtude sem culto; os milagres acusados e os milagrosos réus. Pode haver maior violência da razão? Pode haver maior escândalo da natureza? Pode haver maior perdição da república? Pois tudo se faz e desfaz a paixão dos olhos humanos: cegos quando se fecham e cegos quando se abrem; cegos quando amam e cegos quando aborrecem; cegos quando aprovam e cegos quando condenam; cegos quando não vêem e quando vêem muito mais cegos.

“We're just a work in progress. We are the fruit not yet ripe for the picking.
You wouldn't cut down a tree because it gives unripe apples. Instead, you wait two months and then pick the ripe apples”.
Yehuda Berg

Good night, my angel.

Beijos,
Felipe

BAAL E O FESTIVAL DE GRAMADO

14 de agosto de 2009.

"Quando o amor, sabe
Lentamente se afogou
E foi descendo,
Pra outros rios maiores
Como um milagre,
O Céu resplandeceu
Como se fosse
Amparar seu cadáver.
As algas enroscando-se,
No seu corpo
Que pouco a pouco
Se tornou pesada
Frios, os peixes
Entre suas pernas
Tornando-se ainda
Mais lenta,
Sua última viagem."

(Carlos Careqa - Canção de Baal)


Semana de surpresas. Muitas, e mais do que esperadas.

As que podem interessar a todos? Bem, Gramado começou com frio de entrar no osso e filmes de aquecer o coração.
Além dos latinos, dos quais pude assistir 3 (gosto muito do que se tem feito em nosso “3º Mundo”), tivemos 2 documentários e 4 ficções nacionais concorrendo. Mas, claro, desse festival, sou completamente suspeito em falar. Porque é inevitável que me atenha a “Canção de Baal”, de Helena Ignez e Michele Matalon. Afinal, dentre outras coisas, sou um dos atores do filme. Outras coisas, porque o aprendizado nessa obra de Helena foi muito maior do que posso reduzir ao trabalho de ator. E não quero desmerecer o aprendizado que se tem atuando; pelo contrário. Quem sabe um pouco dessa arte, sabe que o crescimento é enorme, mas, com “Baal” o aprendizado e envolvimento no set foi muito além. Uma obra feita com paixão e envolvimento de cada um que por ela passou, tanto a frente quanto por trás das câmeras. Tive o privilégio de também fazer o Making Of, dentre outros experimentos.
Como ator, adoro ser cdf e pensar e planejar cada pedaço, cada respiro da existência de um personagem, sua postura, o que quero dizer com ele além do que a direção e a própria obra já propõe, como posso passar o que quero através dessa persona nova para que, mesmo no improviso, ele esteja vivo e dentro do que me propus. E com isso, sinto-me mais presente e consciente na obra. Coisa que agradeço ao aprendizado com Antunes Filho e seu método, que uso sempre, e que, pensando nos 17 longas que até agora pude fazer, acredito que funcione muito no cinema. Ainda mais em nosso país, onde, como em cada outra função dessa arte, cada um faz a sua parte e, portanto, espera-se que o ator chegue pronto e apto a fazer rapidamente e bem a sua; onde carecemos de direção de ator, de um modo geral. Obrigado, mestre Antunes.
Mas, contrariando o meu adorar, Helena me deu sim caminhos e referencias, mas, me pediu que pouco fizesse uso de estudo. Que utilizasse as referencias visuais e imaginativas que ela me propunha, e vivenciasse os momentos (consciente, claro) por si só. E nada mais. Me senti num grande vazio. E muito seguro! Porque também estava cercado de pessoas em quem confio, com quem já trabalhei e por quem tenho muito carinho. Desde colegas de cena a equipe técnica. Me senti metido na época ao pensar assim, mas, devo confessar que tinha sabor de Cinema Novo! E fiquei feliz com a grande experiência. E mais ainda com seu resultado!
E agora, a surpresa de essa obra “muito louca” entrar no festival de Gramado, foi de cair o queixo. Jamais pude pensar que esse filme pudesse entrar como concorrente, com todas as características que tem, de loucura com pé e inspiração em Glauber, Sganzerla, Bressane e no próprio ser e formação de Helena, nossa musa do cinema de então. Ela é parte dessa gloriosa época do cinema brasileiro em que a nossa própria identidade se via e se buscava. E está muito viva, e atuante. Estamos muito acostumados com o formato norte-americano de se fazer cinema; é onde nos sentimos a vontade e tranqüilos. Não me entendam mal: adoro o cinema de USA (tanto que em breve estarei com um pé lá!) tanto quanto o alemão, o indiano, o chinês. Apenas acho que podemos e devemos nos abrir para buscar uma linguagem nossa. Sim, aprender com os que fazem muito bem, é claro. Mas, somar com as qualidades e a arte que temos. Essa primeira direção dessa musa me comoveu e encheu de alegria pela honra que tive de fazer parte, pelo processo como um todo, pelo resultado alucinógeno que só Helena teria o direito de resgatar, impor e fazer florescer nesse festival.
E foi lindo ver e saber da repercussão. Pessoas que se sentiram incomodadas o bastante para se retirarem, o burburinho ao final da sessão, no hall e nos restaurantes, as conversas, as opiniões. Uma longa e deliciosa noite.
No debate da manhã seguinte a exibição, algo inimaginável para mim ocorreu: jornalistas, críticos e público discutiram entre eles as questões levantadas pelo e com o filme, deixando-nos, equipe do filme, como espectadores de espetáculo de aquecer a alma de qualquer artista. Foi lindo. E mais um momento único que esse filme proporcionou. Obrigado, Helena Ignez. Obrigado, Michele Matalon. André Guerreiro e sua linda fotografia, Djin, Simone, Beth, Sandro, Careqa e todos os outros, lindos e companheiros de arte que, espero, sejam para toda uma vida.
E o mais gostoso: sendo do sul, tenho amizade com muitos da terra. E do cinema. E os comentários e preocupações de meus amigos também concorrentes para com a força da obra e de Helena e sua história no cinema; o receio (mesmo dos que não gostaram do filme, mas, viram até o final) de “Baal” abocanhar muitos dos prêmios foi um incentivo e reconhecimento muito gostoso de se ver.
O que tenho a dizer? VIDA LONGA AO CINEMA NACIONAL, VIDA LONGA A SÉTIMA ARTE!

Um beijão,
Felipe

quarta-feira, 22 de julho de 2009

FESTIVAL DE CINEMA

Estive no Festival de Cinema de Paulínia, que ocorreu nas últimas 2 semanas. Lá, pude conferir os filmes “À Deriva” (na abertura) e “Tempos de Paz” (encerramento).

O Festival, um dos mais ostensivos (senão o mais) de nosso país, me impressionou muito: os valores que por lá circulam, tanto para o evento quanto para os filmes, são de grande valor. E muito importantes para nosso cinema nacional. Poderia sim ser um festival que se mantêm apenas na imagem, mas, os filmes e o conteúdo ali reunidos eram tão valorosos quanto as finanças. Fiquei muito feliz em presenciar tamanho empenho da cidade nesse sentido. Não só viabiliza a produção de filmes com verba, mas, incentiva a mão de obra local e sua formação. O pólo realmente respira cinema. Parabéns, e muito obrigado, Paulínia.

“À Deriva”, tinha tudo para facilmente fugir a mão e ser um erro, como filme: protagonista estreante, roteiro bem amarrado, mas, singelo demais, muitos atores mirins, com um adulto falando da fase adolescente, tudo se passando em uma praia/ilha, um ator protagonista estrangeiro com sotaque muito carregado, etc. Mas, a excelente condução da direção nos leva a partilhar os momentos delicados de uma jovem de 15 anos. Claro, como toda obra, podemos encontrar defeitos e fraquezas. Mas, é uma obra. O que já é muito mais do que muitos dos filmes que andamos vendo. E, como pai e artista, vejo sua grande importância ao partilhar com outros jovens e até mesmo em abrir um pouco mais os olhos de pais que, em momentos de crise, tendem a se esquecer de seus adolescentes filhos. Singelo e delicioso filme. E com uma jovem e bela atriz que promete muito. Bola dentro total de Heitor Dhalia. Com certeza, um filme a que incentivarei muito minha própria filha a ver.

“Tempos de Paz”, obra adaptada do teatro. Tony Ramos, pra variar, arrasa. E Dan Stulbach, esse monstro, destrói!! É tão bom ver um grande ator em cena num trabalho em que vemos ele dominar sua arte. Dan e Tony nos levam por complicados sentimentos de forma tão madura e simples, que chega a assustar; quando vemos, já estamos arrebatados. E facilmente vem os aplausos a cena aberta, como o foi em Paulínia, numa sala lotada, para mil pessoas. Um incentivo aos atores! Um filme de atores. E a maneira inspiradora com que Daniel Filho soube capturar. Mesmo sendo ele mesmo ator do calibre que é (também atua em seu filme), sua generosidade para com os atores e o texto são comoventes. Grandes artistas num belo filme.

Agora, o próximo festival, próxima parada, Gramado. Estarei com o filme “A Canção de Baal”, em que atuei. Grande e belo presente da querida Helena Ignez em parceria com Michele Matalon. Apartir de 09 de agosto, serra gaúcha!

Boa semana!

Aquele abraço, Felipe.

NAM MYOHO RENGUE KYO

sábado, 4 de julho de 2009

Começando

04 de julho de 2009.

"Forgiveness is love in action. Unconditional love, that is."

Achei, em minha ingenuidade, que começar um blog seria muito fácil. Afinal, como todo mundo, tenho minhas posturas e crenças e, conseqüêntemente, algo a dizer, a partilhar. Ainda mais com uma vida acontecendo, com um mundo girando, o tempo passando, as mudanças, as relações, as mudanças de relações, notícias, acontecimentos, mortes e nascimentos, uma estrela se extinguindo e outras nascendo, gerando planetas e vidas distintas; de tudo, tanto, que nem mais me surpreende a sensação de pequenês ante a maravilha da existência sem fim que em nada depende de minha vida, ou de outra pessoa. Menos ainda dos pensamentos e opiniões.
E, ao mesmo tempo, disso e de muito mais depende, visto que a existência o é pela soma de todas as questões, estejamos 'vivos' aqui, ou em outra forma, conscientes ou não.

Assim, nesse primeiro, partilho o pensamento da Kabbalah acima. Essa tecnologia da alma (como se optou por chamar) me foi partilhada por pessoas queridas, algumas ainda em contato nessa vida, outra (a mais incentivadora) não mais em contato. Mas, creio que, quando ambos crescermos no aprendizado dessa tecnologia, a conexão se restabelecerá de forma maravilhosa. Afinal, faz parte dos benefícios adquiridos a felicidade e paz nas relações. Fácil falar, nem tanto fazer, não é? Forgiveness, perdão verdadeiro é, no fundo, fácil e muito complicado. Estranho, não? Fácil, pois, basta deixar o coração aberto e a alma conectada que a Luz age. Difícil, porque para isso, temos de desapegar do ego. E passamos uma vida nos agarrando a ele! E o amor incondicional vem apenas com o real desapego. Escrevo isso para conclamar a cada um que leia que também comece sua busca e interesse no crescimento da alma, no desenvolvimento da bondade e amor em seu coração. Porque apenas assim, podemos lidar com esse universo que nos rodeia e não sermos agredidos por ele, mas, sim, colaborarmos para melhorar a existência própria e de todos. Ou você crê que pode ser verdadeiramente feliz sozinho? Percebe as maravilhas que podem nascer de um mundo em que todos são felizes? Um mundo em que todas as crianças, de qualquer idade, sorrir podem? O que de sensacional pode advir disso, já se perguntou?

Sim, eu sei, eu sei. Um blog que se autodenomina "Louco por Arte" e busca falar num 1º momento da alma, de espiritualidade? Bem, acredito na arte, acima de tudo, como objeto transformador. Do fundo de meu ser, acredito que cada um de nós pode e deve fazer o seu melhor para transformar e criar um mundo de felicidade democrática. E o caminho que encontrei foi a arte. Que é apenas um caminho entre tantos. Encontre o seu, aquele que preenche o coração e aquece a alma. Por esse caráter transformador que vislumbro na arte é que falo da alma. So, forgive me if you don’t like it at this moment. I hope some day you will! Segue o pensamento completo:

"If we are going to be happy and have any chance at growing, then we must learn how to forgive others. And ourselves. It's back to the 99%/1% concept - lack of forgiveness is us thinking we know everything. We don't. And that's a good thing because it's in the not knowing that the magic happens.
Besides, forgiveness is what we expect from the Light, isn't it?
Today, don't just expect it — practice it. Show it. Live it. Forgiveness is love in action. Unconditional love, that is."
Yehuda Berg

Muito Amor e muita Luz para todos nós. Anjo, onde quer que esteja, que esse Amor e essa Luz preencham-lhe o coração e lhe tragam Paz.

Beijos.
Felipe

PS: Prometo, também falarei mais diretamente da arte, em breve.