segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Amores Imperfeitos

Ela deve ter sofrido calada um bom tempo.

Mas todo mundo sabe que é impossível
esconder as coisas por muito tempo. Um
dia as verdades precisam vir a tona.

E como aconteceu?

No meio de um dos meus períodos de
serviço na plataforma. Aquele que a gente
passa duas semanas no mar e duas semanas
na terra.

E?

E o que aconteceu foi que ela me ligou e
disse que estava pegando um avião de
volta pro Brasil, que não aguentava mais,
que ia embora.

E você?

Eu dei um jeito, consegui que me
substituissem na plataforma. Peguei o
primeiro transporte de volta a terra e
fui atrás dela. A gente precisava
conversar.
Mas, isso foi só no dia seguinte e a
louca já tinha ido embora. Deixou a casa
toda virada, como se tivesse acontecido
um assalto.

E por que ela fez isso?

Não sei.

Ele levanta a cabeça e olha para longe.

As vezes as pessoas guardam tantas mágoas
ao longo do tempo. Reprimem tudo. Tentam
se enganar e manter uma situação.
Vão cozinhando aquela coisa lá dentro,
criando monstros malucos e esperando que
as situações se consertem por si só. Mas
uma dia a pessoa explode e projeta todos
esses monstros no outro.
Como se outro pudesse adivinhar tudo. Como
se o outro tivesse culpa pelas suas
próprias inseguranças e medos. Pela sua
própria incapacidade de ser honesto
consigo mesmo.

Eu sei muito bem do que você está
falando.

Aí cometem a covardia de lavar a roupa
suja, numa carta, num telefonema, num e-mail, mas,
nunca pessoalmente.

Falar as coisas olho no olho é pra
poucos.

Eu sei.

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