domingo, 24 de outubro de 2010

Rápida, de passagem, ensaiando a volta...

A gente ama
não é a pessoa que fala bonito.
É a pessoa que escuta bonito.
A fala só é bonita quando nasce de uma longa e silenciosa escuta.
É na escuta que o amor começa.
......E é na não escuta que ele termina.
...Faço para ouvir você, o mesmo silêncio que eu faço para ouvir música.

Rubem Alves

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Labutas, deliciosas labutas

08 de junho de 2010.

A vida toma muitos rumos distintos dos que imaginamos e sonhamos. Por vezes, nos engole e toma as atenções. Mas, sempre, tudo, é uma oportunidade de crescimento e aprendizado.

Dentre as deliciosas oportunidades que tive nesses meses, estão trabalhos deliciosos.

Ainda em novembro de 2009, começaram as filmagens de “Amores Imperfeitos” de Márcio de Lemos: a história de amor de um casal que se reencontra depois de 10 anos sem se verem, um dia antes da partida dele para morar na Noruega. Resolvem passar a tarde e a noite juntos, e trazem à tona o sentimento. Uma gostosa experiência como protagonista e falando de amor, o bem maior, que acredito estar em falta em nossos dias e mais ainda, em nosso cinema nacional. Um prazer dividir a cena com atriz tão completa quanto Patrícia Pichamone. Obrigado, querida, você arrasou! Todo empenho com certeza nos trará retorno tão amoroso quanto o próprio filme que fizemos. Em montagem, esperamos em breve estar nos cinemas, quiçá ainda este ano.

Depois, veio o seriado “Bipolar” de grande cineasta Edu Felistoque. Acompanha a vida de alguns agentes da polícia e suas bipolaridades diárias. Aliás, de cada um dos personagens que se mostram nesse seriado. Faço Gustavo, amigo do passado de Carlão (Rodrigo Brassoloto) que retorna com sede de vingança. Queridos Rodrigo, Serginho e Silvinha, grandes atores, corações cheios de alma, dão o sangue por seus personagens e atuações. O presente de Edu rende muita alegria ainda em meu coração. E a promessa de muitos ‘bipolares’ pela frente. Edu tem uma delicadesa linda ao dirigir e conduzir seu set, comparável com a eficiência própria de artista em constante transformação. No Canal Brasil em setembro, e, depois, Globosat HD.

Outro seriado, no sul do país, “Mulher de Fases”, primeira comédia para HBO assinada pela Casa de Cinema de Porto Alegre. Mulher recentemente separada busca, de forma um tanto desesperada, voltar a se relacionar. A cada episódio ela se envolve com dois possíveis pretendentes, assimilando as características de cada um, normalmente opostas, levando a situações e resoluções de arrancar risadas. Marca da Casa, muito bem dirigido por Ana Luiza Azevedo e Márcio Schoenardie. Meu episódio: “Um Açogueiro e um Religioso”. O religioso, eu mesmo. Engraçado como até nossa história profissional, mesmo quando não de tanta possibilidade de escolha, nos traz e alinha as questões pessoais. No meu caso, a espiritualidade, presente em muitos dos filmes e até mesmo no teatro, em especial minha pesquisa de Butoh.

“9 Crônicas para um Coração aos Berros”, de Gustavo Galvão me trouxe a possibilidade de uma obra mais intimista, com forte inspiração, principalmente no que se refere a meu personagem (Phillip), na arte de Wim Wenders. São, como diz o nome, uma colcha de histórias que se cruzam e encontram e reencontram. Phillip é um engenheiro alemão (‘muito estrangeiro demais para ser alemão, e muito alemão demais para se encaixar em qualquer lugar’) que vai para essa cidade fictícia em ruínas com o objetivo de reconstruí-la, em um negócio milionário para sua empresa.
Ao ver o local, sua identificação com a destruição o impele a tomar atitudes até então improváveis para esse homem: ele abandona a empresa, sua mulher e filhos, sua amante e colega de trabalho (Rejane Zilles, responsável por minha participação na obra – obrigado!), e decide ficar na cidade e buscar seu caminho. Ainda com Simone Spoladore, Denise Weinberg, Julio Andrade, Mário Bortolotto, Charlie Brown, Leonardo Medeiros, dentre outros. Gus, Cris, obrigado por partilharem essa obra, por possibilitarem o embate com muitas questões levantadas pelo processo. Espero em breve estarmos nos cinemas.

A RBSTV (filiada da Globo no Rio Grande do Sul) tem uma produção própria de dramaturgia muito interessante, com profissionais mostrando sua qualidade nessa oportunidade de prática do audiovisual. E fizeram “Guerra e Paz”, seriado de cinco episódios. E participei do chamado “Prisioneiros” dirigido por Cláudia Dreyer. E tive a boa sorte de atuar o personagem de meu próprio avô, e ao lado de querido amigo e alma onde domina o artista, o ator Marcos Verza. Uma delícia, um momento único de oportunidade de lidar com a ancestralidade e entender e saber e sentir como foi, como é. Crescimento inevitável.

Obrigado pelo presente, pela oportunidade.

Aquele beijo e aquele abraço,

Felipe
Saudades de você, delícia, no dia-a-dia. Beijos.

NAM MYO HORENGUE KYO

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia especial, de comemorar as belezas da natureza humana!

Segunda-feira, 08 de março de 2010.


Mulheres, meninas, almas femininas e afins: FELIZ DIA DA MULHER!!!! Que possa ser de alegria e exaltação de suas qualidades. E obrigado por tornarem a existência aqui mais agradável com suas belas e adoráveis presenças. Beijocas extraordinariamente grandes!


E, pra complementar o desejo de alegrias, palavras sábias:
“Em 1973, apenas alguns dias antes da Guerra do Yom Kipur, a inteligência israelense recebeu vários comunicados de que as forças sírias e iraquianas estavam se mobilizando. Mesmo assim, o chefe da inteligência na época, Eliahu Zaira, disse que nada ia acontecer. Ele e a equipe dele acreditavam, com certeza absoluta, que as ameaças não eram verdadeiras, que não havia razão para temer, que simplesmente não ia haver uma guerra. Eles alegaram que haviam recebido informações que pareciam ser contrárias ao resto dos comunicados.
Este incidente é chamado de “A Concepção” e foi bastante investigado na época.

Literalmente, na véspera do Yom Kipur, o dia mais sagrado em Israel, em que o trânsito literalmente para e o silêncio e a serenidade permeiam as ruas de todo o país, telegramas do Cairo e de Damasco foram enviados a Israel, dizendo que eles iam atacar no dia seguinte. Depois da perda de centenas de milhares de vidas, ficou óbvio que as ameaças eram verdadeiras.

Milhares de mortos, dezenas de milhares de feridos, e tudo porque alguém, em algum lugar, tinha certeza absoluta de alguma coisa falsa.

Esta é uma ilustração dramática de uma questão simples. Muitas vezes, ficamos presos a sistemas de crenças e ficamos cegos por causa delas. Um exemplo: digamos que seja dia 8 de março e um amigo seu insista que é 4 de julho – mesmo que todos os calendários, relógios e computadores digam o contrário.

Precisamos saber que às vezes estamos errados. Devemos ter certeza absoluta do caminho em que estamos, no modo que vivemos a nossa vida, mas não de outras coisas.

Você já se viu no meio de uma discussão em que não consegue mais ouvir a outra pessoa? Como se seus ouvidos tivessem sido desligados? Nessas horas, fica óbvio como bloqueamos tudo que ouvimos por estarmos totalmente voltados para dentro.

Mas também temos que ficar de olho no bloqueio mais sutil das válvulas interiores.

Alguma coisa nos impede de arredar o pé, e como meu pai e professor sempre diz: “por todas as razões certas”, nós magoamos, culpamos e muitas vezes prejudicamos a nós mesmos e aos outros. Não há dúvidas de que Zaira achou que estava fazendo a coisa certa e que acreditava que sua decisão não prejudicaria ninguém – muito pelo contrário. Mas, repetindo, temos que aceitar o fato de que às vezes, mesmo com a melhor das intenções, estamos errados.

A pessoa que somos hoje, tanto com nossa Luz e nossas limitações, existe porque estamos presos a certas coisas. Quando nos abrimos para outras coisas, pessoas, opiniões, histórias, fatos e detalhes, aí sim, podemos realmente deixar a Luz entrar.
Tudo de bom,
Yehuda


Transcendo meus próprios limites para poder me unir à Árvore da Vida. A felicidade vem ao meu encontro, agora que meu ego saiu da berlinda. Domino a arte de sair da frente do meu próprio caminho, abandonando toda teimosia.”

Beijos e muita Boa Sorte.

Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

"Here comes the rain again / Falling on my head like a memory / Falling on my head like a new emotion..."

Segunda-feira, 08 de março de 2010.

A vida, cada dia uma oportunidade de mudança e crescimento.

Sim, por vezes o arrependimento vem, e com ele, a força da culpa.

Mas, de que serve a culpa? Ela apenas nos machuca e enfraquece.
Nosso pior inimigo? Nós mesmos, o nosso ego, que teima em trazer dores por momentos vividos que não voltam mais. Lembranças, boas ou ruins, não precisam trazer a dor. E nem que façamos de conta de que não existiram. Ao contrário, nos servem para nortear as decisões do presente. A 'carga' do que vivemos nos fazem no presente. E é aqui e agora que conta. Aqui e agora se dá a decisão do futuro. Aqui e agora está a oportunidade de transformação, de superação. Se plantamos mal no passado, que sirva-nos de aprendizado para melhor plantar hoje e criar o futuro de felicidade verdadeira que tanto almejamos. Aqui e agora é a oportunidade de crescer rumo aos sonhos.
E partilhar, creia-me, nos leva mais PERTO DOS SONHOS REALIZADOS. Partilhar o aprendizado, o pensamento, o desejo de vida melhor, partilhar, sinônimo de amor.
O passado não volta, mas, nos traz conhecimento para hoje decidir o futuro.
E ser feliz é tudo que se quer.
Sejamos, pois, plantando bem.
E o bem maior? O AMOR. Plante com amor. Por amor se comete atrocidades. Com amor o bem vem e maravilhas brotam.

Que seu dia seja de amor a plantar, de maravilhas a brotar e alegrias a colher.

Boa sorte, hoje e sempre.

Beijos,
Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Raízes

Depois de muitos dias, realizações, mudanças, finalizações, começos e recomeços, continuidades e novidades, de volta a escrita.

E, para retomar, mais das palavras da Kabbalah a expressar as indicações de caminhos da alma:

“Quando nos deparamos com um problema, em vez de investir tempo e energia para resolvê-lo, nós geralmente tentamos mudá-lo de lugar – ou para a mesa de outra pessoa, ou para o departamento, ou até mesmo para a cidade de outra pessoa.

Eu vi isso pessoalmente quando visitei as Filipinas no mês passado. O governo de lá quer transferir muitos dos sem-teto de Manila para outra cidade. Contudo, eles estão sendo mudados de lugar e não sendo capacitados, educados, instruídos nem encorajados. É uma transferência. Não uma solução. O problema ainda existe. Apenas não mais nas ruas de Manila.

Não basta transferir um empregado difícil para outra filial. Eu soube que a nova ‘solução’ para o lixo nuclear é colocá-lo à deriva em uma barca. Pelo menos assim, a energia nuclear não vai ficar em um só lugar. Não, assim ela vai alcançar vários lugares diferentes. Que boa jogada.

Mudar os problemas de lugar não resolve a questão. O problema continua existindo, mesmo se você não precisar vê-lo nem sentir seu cheiro.

Na nossa própria vida, nós geralmente tentamos mudar nossos problemas de lugar, sem tentar resolvê-los realmente. Nós às vezes abandonamos um vício simplesmente para desenvolver outro; porque transferimos a necessidade, em vez de chegar à sua raiz e removê-la. Pode ser que consigamos preencher uma sensação de vazio, mas se houver problemas de inadequação ou insegurança, e eles não forem tratados no nível da causa, eles aparecerão em outras áreas da nossa vida.
Quando as coisas parecem bem, isto não quer dizer que estejam bem. Mesmo quando o caminhão do lixo vai embora do nosso bairro, lembre-se, o refugo vai para outro lugar.

Conheço muitas pessoas que mudaram de emprego ou casa à procura de alguma coisa melhor. Mas porque elas tentam mudar de ambiente, sem assumir responsabilidade de mudarem a si mesmas, a única coisa que muda é o cenário. Os problemas continuam os mesmos. Você não pode largar um emprego por causa de um chefe tirânico. Esse chefe vai aparecer com uma roupa diferente em um cenário diferente no seu próximo emprego. Isso não é uma previsão minha. É uma verdade espiritual.

O que os olhos não vêem o coração não sente não funciona – nem espiritual, nem fisicamente.

Esta semana, vamos examinar com sinceridade os nossos problemas, inclusive aqueles que achamos que já superamos. Será que realmente resolvemos as questões ou simplesmente as mudamos de lugar? Será que procuramos soluções no exterior, quando a verdadeira solução está no interior?

A boa notícia é que quando removemos o problema pela raiz, simultaneamente criamos mais espaço dentro de nós para realização genuína e não um mero alívio.

Tudo de bom,

Yehuda “

Bom dia! Boa sorte!

Que a distancia possa reunir o amor, delícia.

Beijos,
Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Keep Walking

Hoje, palavras de outros para expressar sentimentos próprios, crenças e valores que desejo partilhar.
Muitos são os estudiosos da espiritualidade, da alma.
Hoje, escolho as da tecnologia da alma conhecida como Kabbalah, nas palavras de Yehuda Berg (segue uma tradução):

"Quando fazemos nosso trabalho espiritual – compartilhando, nos transformando, compartilhando mais – muitas vezes temos a oportunidade de ajudar os outros a se tornarem mais fortes e bem-sucedidos. É importante lembrar que mesmo que eles não atribuam o crescimento ou sucesso deles a nossa contribuição, não significa que não obtivemos sucesso.

Muitas vezes, nós esperamos o agradecimento, o crédito, o reconhecimento de nossa participação no processo. Infelizmente, quanto mais esperamos e esperamos, na verdade, mais perdemos.

Nós nos confundimos com o que é nosso e o que não é. Seja com a nossa carreira, nossos amigos, nossa família, quando sentimos que 'é meu', começamos a perder. Se você olhar o verdadeiro sucesso, ele vem sem apego. É preciso que seja menos importante a maneira como os outros vêem a nossa contribuição e mais importante a maneira como o universo leva isso em consideração.

Quanto mais apego tivermos, na verdade, menos conquistaremos. Quanto mais controle quisermos ter, menos conseguiremos controlar. Quando abrimos mão – que não significa simplesmente abdicar da responsabilidade, mas sim agir como um verdadeiro líder em que as fileiras abaixo de nós tenham liberdade de movimento – podemos fazer e realizar muito mais.

Seguir em frente exige adquirir mais confiança no Criador. Saber que pode atingir mais pessoas e compartilhar mais se parar de administrar os detalhes e passar a dominar menos – não é um conceito fácil de ser executado. Requer uma mudança de consciência.

Uma grande liderança é resultado de confiança e de delegar responsabilidade e poder para as pessoas atrás ou abaixo de você. Quanto mais bem-sucedidos quisermos ser, mais temos que encontrar um meio de compartilhar um pouco da pressão e controle com as pessoas abaixo de nós, e encorajá-las a fazer o mesmo com aqueles abaixo delas e assim por diante.

O universo trabalha de um jeito tal que um pouco de tudo que temos e influenciamos não pode ser para nós; aproveitado por nós, beneficiado por nós, usado por nós. Tentar agarrar-se a tudo só faz as coisas diminuírem.

Nada é só nosso. O universo vai acabar nos ensinando isso da maneira difícil, se não aprendermos sozinhos. E para aqueles – filhos, amigos, parentes, colegas de trabalho – que sabemos que podemos influenciar de forma positiva – como podemos garantir que as lições que recebem serão boas? Quanto mais conseguirmos abrir mão e não tentar ter controle completo – mais o universo irá completar o processo de aprendizado deles.

Como podemos garantir que a experiência ou lição é aquilo do que eles precisam? Através do 'não tentar controlar tudo'. O universo e outras pessoas vão ensinar a eles, exatamente da mesma maneira que o universo nos ensina.

Então, esta semana pratique o desapego. O não controlar. Permita que todos os outros saboreiem os frutos. Quando você planta uma semente, cem pessoas podem saborear os frutos, por isso não tente se agarrar a todos eles.

Tudo de bom,

Yehuda"

Boa semana de plantios e aprendizados.

Saudades, delícia. Hoje e sempre.

Beijos,
Felipe

NAM MYO HORENGUE KYO

Amores Imperfeitos

Ela deve ter sofrido calada um bom tempo.

Mas todo mundo sabe que é impossível
esconder as coisas por muito tempo. Um
dia as verdades precisam vir a tona.

E como aconteceu?

No meio de um dos meus períodos de
serviço na plataforma. Aquele que a gente
passa duas semanas no mar e duas semanas
na terra.

E?

E o que aconteceu foi que ela me ligou e
disse que estava pegando um avião de
volta pro Brasil, que não aguentava mais,
que ia embora.

E você?

Eu dei um jeito, consegui que me
substituissem na plataforma. Peguei o
primeiro transporte de volta a terra e
fui atrás dela. A gente precisava
conversar.
Mas, isso foi só no dia seguinte e a
louca já tinha ido embora. Deixou a casa
toda virada, como se tivesse acontecido
um assalto.

E por que ela fez isso?

Não sei.

Ele levanta a cabeça e olha para longe.

As vezes as pessoas guardam tantas mágoas
ao longo do tempo. Reprimem tudo. Tentam
se enganar e manter uma situação.
Vão cozinhando aquela coisa lá dentro,
criando monstros malucos e esperando que
as situações se consertem por si só. Mas
uma dia a pessoa explode e projeta todos
esses monstros no outro.
Como se outro pudesse adivinhar tudo. Como
se o outro tivesse culpa pelas suas
próprias inseguranças e medos. Pela sua
própria incapacidade de ser honesto
consigo mesmo.

Eu sei muito bem do que você está
falando.

Aí cometem a covardia de lavar a roupa
suja, numa carta, num telefonema, num e-mail, mas,
nunca pessoalmente.

Falar as coisas olho no olho é pra
poucos.

Eu sei.

Amores perfeitos

Um ano passa rápido... É o prazo mínimo
do meu contrato para que eu possa pedir
transferência de volta para o Brasil.

Eu não quero te perder uma segunda vez. A
vida quis que nos reencontrássemos nessa
situação limite. Isso só pode ser uma
sinal.

Eu sei, eu sei. E foi como se nunca
tivéssemos nos separado. Essa foi a
melhor noite da minha vida.

Então fica. O que pode ser mais
importante?

Como a gente faz para voltar o relógio?

Eu não sei como fazer voltar o relógio.
Mas sei exatamente como quero gastar o
resto do tempo que falta na minha vida.

Por que a gente se separou?

Por que a vida quis assim. Porque não era
hora.

E agora vai nos separar de novo.

Você acredita mesmo nisso?

Nada como a distância e o tempo para
diminuir a dor... Qualquer dor?

Ou aumentá-la até ficar insuportável.

Hoje em dia é diferente, a tecnologia
nos aproximou, vamos poder nos ver e
falar o tempo todo.

Mas nada substitui o toque.

Ela pega a mão dele e a beija fechando os olhos para
depois abrí-los e falar.

Você vai pra tão longe.
Eu posso te contar uma coisa?

Claro.

Não é a primeira vez que a gente se vê.

A gente se conhece há 10 anos.

Eu sei... eu quero dizer que hoje não foi
a primeira vez que eu te vi.

Como assim.

Eu te vi a primeira vez na agência de
viagem faz uma semana.

Uma semana? É mesmo, eu tava lá fechando
os detalhes da minha reserva. Por que
você não entrou para falar comigo?

Ela fica muda.


Por que?

Eu não sei, fiquei com medo.

Medo?

Medo de você nem me reconhecer direito.

Uma semana.

Depois disso eu passei lá todos os dias
no mesmo horário.

E eu quase pedi que me entregassem a
passagem em casa.

Eu nunca deixei de te amar.

Como vamos nos despedir?

Ela o puxa para perto de si, o abraça e fala sobre seu
ombro, para o vazio atrás dele.

Eu não quero ver você partir.

Eu não quero ver você partir.

Eu não quero ver você partir.

Eu não quero ver você partir...

Amores feitos

Segunda, 07 de dezembro de 2009.

Depois que eu larguei a universidade eu fiquei perdida por uns dois
anos. Aí encontrei o meu ex e acabei
casando. Acho que foi uma fuga. Acho que
eu usei o casamento para me esconder da
vida.

E você nunca retomou o curso.

Não...

Você foi a minha caloura preferida.

Eu sei.
Hoje eu vejo que me escondi por trás da
segurança do casamento e deixei a vida
passar.

Segurança efêmera...

Especialmente quando você descobre que
foi traída.

E eu usei o meu casamento pra mostrar pra
mim mesmo que eu era um cara normal.

Como assim.

Eu não devia estar falando disso com
você.

Por que?

Porque... Porque, a gente devia falar de
outras coisas mais interessantes. O que
passou, passou.

Eu falei de mim, agora você tem de falar
de você.

Ele hesita.


Meus amigos todos estavam se casando,
tendo filhos e eu preocupado com a minha
carreira, em viajar pelo mundo. Aí eu
começei a pensar que tinha alguma coisa
errada comigo.

Por que?

Sei lá. Acho que eu começei a pensar que
eu já estava ficando velho, que o momento
tinha chegado para casar e ter filhos.

Mas você não teve filhos, teve?

Não, ainda bem. Mas foi aí que eu
encontrei a ex e ela dizia que não
queria filhos. Que iria pra qualquer
lugar comigo e eu começei a achar que ela
realmente poderia ser a minha alma gêmea.

E ela te acompanhou nas suas viagens.

Acompanhou e foi maravilhoso no início.
Mas com o tempo eu começei a perceber que
ela não queria aquilo de viver pelo
mundo. Que no fundo era um sacrifício que
ela estava fazendo por mim. Que o que ela
queria mesmo era ter apenas casado, tido
filhos e seguido uma vidinha pacata de
dona de casa. Viajar pelo mundo, nem
pensar.

E eu não conseguia me ver naquela
situação.

Amores

Eles sobem a rua de mãos dadas.
Ele a puxa para perto de si. Ela curte o abraço por
alguns segundos até que pergunta.


Há quanto tempo a gente não se via?

Você já percebeu que já é a segunda vez
que você me pergunta isso?

E não pode?

Não, sei... Acho que já fazem uns bons
dez anos.

Dez? Só isso? Mais...

Pode ser... é tão fácil desaparecer nessa
cidade. É tanta gente que você pode
passar a vida inteira sem encontrar uma
pessoa que mora ali do seu lado.
Um amigo meu teve uma namorada na
faculdade, estudaram a mesma coisa,
trabalham até hoje mais ou menos na mesma
área, mas nunca mais se cruzaram. Se
quiserem, um pode encontrar o outro a
hora que for. É só procurar um pouco,
mas pra quê?

As vezes isso me dá uma sensação de
conforto.

As vezes é mais fácil deixar a cidade
engulir a gente.

Eu penso nisso sempre, são os seis graus
de separação. Vivemos tão longe e ao
mesmo tempo tão perto um dos outros.

E nada como como São Paulo para te fazer
sentir solitário no meio de vinte milhões
de pessoas.

Pera aí. Eu te vi uma vez no cinema.

Cinema?

Foi, mas, essa não conta, porque a gente
não se falou.

Como não se falou? Você me viu e não veio
falar comigo?

Não. Pra quê? Eu tava com o meu ex.

Ele concorda com a cabeça. Ela levanta os braços pro
céu.


Que deus o tenha.

Ele morreu?

Não, era ciumento.

Ele ri.

Mas para mim é como se tivesse morrido.

Tá rindo de que?

É assim que você vai fazer quando eu me mudar?

Assim como?

Vai me matar, me riscar da sua memória.

Outra vez? Por que a gente já tá
namorando?

Ele ri e abaixa os olhos.

O que foi?

Não, nada.

Sei... vai fala. Eu tava brincando.

Não tem nada para falar.

Vai fala.

É que você fala assim com tanta
desenvoltura.

Do que.

Do seu ex-marido.

E qual o problema?

Queria que fosse assim tão fácil pra mim
também.

Por que?

Não sei. Vamos indo.

Espera aí.

Deixa pra lá, vamos indo.

Você não vai fugir dessa tão fácil.

Os dois se olham. Ele a abraça com uma certa
sofreguidão. Ela retribui carinhosamente.


Porque a gente se separou?

Porque eu conheci a minha ex-mulher.

Coisas que acontecem.

Coisas que não deviam acontecer.

E ela quis sair pelo mundo com você.
Explorar petróleo no Golfo do México.

E eu não quis.

As vezes a gente toma decisões
precipitadas.

Mas você foi feliz com ela.

Por uns cinco minutos.

Não fala assim. Eu tenho certeza que
vocês tiveram bons momentos. Só que não
deu certo. Comigo não foi diferente.

Eu...

Fala..

As vezes acho que nunca mais vou
conseguir voltar a amar.

Não fala assim, você sabe que isso não é
verdade.

Por que eu estou falando nisso agora? Com
você?

Porque a gente um dia se amou.

Mas o que dá errado uma vez. Dá errado
duas vezes.

Você acredita mesmo nisso.

É a minha teoria.

Teorias podem ser derrubadas.

O que dá errado uma vez. Dá errado duas
vezes. Está comprovado.

Por quem?

Ele ri.

Pelo jeito essa é só mais uma teoria do sr.
engenheiro.

Você tentaria de novo?

Eu acabei de correr atrás de você por 13
andares. O que você acha?

Mas amanhã eu vou embora.

Pra outro país. Nada na vida é perfeito.

Nem o amor.

Nem o amor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Amores Imperfeitos

Skank
Composição: Samuel Rosa - Chico Amaral

Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu
Mas sempre fica alguma coisa
Alguma roupa pra buscar
Eu posso afastar a mesa
Quando você precisar

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Eu não quero ver você
Passar a noite em claro
Sinto muito se não fui seu mais raro amor
E quando o dia terminar
E quando o sol se inclinar
Eu posso pôr uma toalha
E te servir o jantar

Porque
Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar

Não precisa me lembrar
Não vou fugir de nada
Sinto muito se não fui feito um sonho seu

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Mentira se eu disser
Que não penso mais em você
E quantas páginas o amor já mereceu
Os filósofos não dizem nada
Que eu não possa dizer
Quantos versos sobre nós eu já guardei
Deixa a luz daquela sala acesa
E me peça pra voltar

Sei que amores imperfeitos
São as flores da estação

Beijos e feliz dia das crianças!! Que possamos todos resgatar a beleza da infância em nossos corações.

Good night, my Angel.

Felipe

sábado, 10 de outubro de 2009

Prêmio ao Cinema Brasileiro

Quarta-feira, 07 de outubro de 2009.

Há alguns dias aconteceu mais uma cerimônia de entrega de prêmios para o Cinema Brasileiro. A Contigo contribuiu para uma parte dos filmes lançados no último ano. Bela atitude, nossa arte agradece, e muito! Dentre os premiados, muitos queridos.
Mas, me emociona, e muito, lembrar da atuação premiada da noite: nosso querido Daniel Oliveira em “A Festa da Menina Morta” (exuberante direção de Matheus Nachtergaele). Ao ver o filme, minha comoção e envolvimento com aquele personagem tão íntimo e tão distante de mim, em constante desconstrução e reconstrução, uma... embalada atuação.

Depois, soube que o Butoh fez parte da preparação e da rotina do tempo vivido no vilarejo em que se passa o filme. Meu interesse e admiração aumentaram e cresceram ao ouvir de algumas das apresentações de Daniel. Apresentações de Butoh. Diárias. A dança da vida e da morte, do fim e do começo, o invisível que embala e conduz o visível, a dança das mãos que voam (como as de Daniel em cena).

A dança Butoh: nascida como uma resposta artística a destruição causada pela bomba atômica em Hiroshima, procura dançar o invisível, tocando o local das almas. O eterno renascimento expresso nas formas deformadas dos movimentos, que buscam a beleza no feio, na destruição. A busca da ancestralidade, o dançar a vida e a morte no mesmo instante.

Presenças na atuação desse grande ator. Quanta atraente repulsa nos causa por vezes sua santinha, quanta dubiedade, quantas contrariedades, quanta dança da vida e da morte circula pelo corpo e movimento de tão, tão... de tal criatura. Quanto invisível carrega o visível e nos envolve e revolve, revolta e cativa. Que prazer vê-lo receber o reconhecimento de sua entrega, de seu trabalho, tão intenso e vivo. Um grito de arte! Mais um de tantos que sabemos virão para reconhecer mais de sua obra. Afinal, se essa qualidade ele tem hoje, jovem, e continua mostrando que está em transformação constante, em crescimento visível, prever que a maturidade dos anos e da vida transcorrida elevarão ainda mais sua qualidade de atuação não parece um engano. Sim, muitos virão, como muitos personagens e obras. E a sorte é nossa, de podermos presenciar tudo na telona no escurinho do cinema.

Parabéns, amigo.

Boa sorte, irmão.

Good night, my Angel.

Beijos,
Felipe