segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Se não passamos pelo Vale da Tristeza, como apreciar de fato os cumes da Alegria?

21 de agosto de 2009.

Notável é o artifício com que a natureza formou os nossos ouvidos. Cada ouvido é um caracol e de matéria que tem a sua dureza; e como as palavras entram passadas pelo oco deste parafuso, não é muito que quando saem pela boca saiam torcidas.

De que adianta se o outro não lê o que você pensa escrever? Se ambos entendem tortas palavras escritas na tortura da dor? Se ainda desentendem assim, sentimento ainda há. Mas, de que serve? Apenas para machucar mais. Deixe estar. Vit ta vie. Viva sua vida, e deixe que o outro viva a dele. Se o outro julga que logo é se relacionar com um terceiro, deixe estar. Afinal, não lhe diz mais respeito. Dói, por certo, mas, você nada pode fazer, cada cabeça, uma sentença. E muito própria. Apenas a pré-disposição pode trazer o entendimento entre feridos. Mas, tem de ser mútuo o querer. Apenas não continue, se a nada construtivo leva.

Pois, nada de lindo e amável, nenhuma declaração de seu amor terá valor se as palavras seguintes forem torcidas, seja na saída ou na chegada.

Afinal, quando feridos estamos, tendemos a pensar de uma forma e se expressar completamente torto. Claro, como escritor das palavras, a certeza de que nos fazemos entender. Como leitor, ah, que surpresa! A dor, tudo torce. Tanto de cá quanto de lá, tanto da escrita, quanto da compreensão da leitura. E o estrago se perpetua. E de nada adianta o desculpar ou o culpar. Humano errar. Só isso se pode pensar. Deturpações. E logo vem acusações de atitudes. Estranho como o acusado percebe as acusações no acusador também. E tudo prova que ninguém mudou, que nada se transformou. Ainda que se deseje que sim, e que se coloque a si próprio dessa forma. Ego no comando, quando precisamos dizer que atingimos o superar; prova de que nada se aprendeu.

E não caia mais uma vez nos julgamentos e palavras duras do outro, nas comparações de como suas antigas relações não deram certo, por exemplo. Lembre-se de que elas deram certo, pelo tempo que duraram. Ou com todas as pessoas que se relacionou nunca mais falou? E se foi assim, acha mesmo isso normal e saudável? Cuidado com o que deseja para si; pode ser que esteja apenas aceitando o que a mágoa alheia lhe deseja naquele momento. E os momentos podem mudar, ainda que levem, digamos, dez anos. Ouvir coisas como: “você me inveja e tem raiva porque eu dei certo e você não”, é uma coisa; aceitar tal coisa ouvida como verdade, é outra bem diferente. E, creia-me, se algo assim ouviu, a doença não é sua. Ou, pelo menos, é mutua, se você cogitou que talvez o ser amado que o esbravejou possa estar certo. Cuidado, sei que amar nos deixa num limiar, mas, esforce-se em perceber que quem amamos não passa a ser perfeito apenas pelo que sentimos. Não, continua humano e falível, como você. Mesmo que o amado seja chamado de anjo amorosamente, mortal ainda o é. Até quando quer se colocar como superior, ou tendo ‘dado certo’. Aliás, denota sua maior mortalidade com tal postura. E será capaz de lhe acusar de deturpar palavras, lembrar apenas o que lhe convêm, e tudo com palavras que fazem exatamente o que lhe acusam. O que também não quer dizer que você não o faça mesmo. Ah, que beleza tentar discutir, elevar, com dor e coração ferido, hein? Que bela porcaria não saber se calar. É, eu sei. Talvez, se se calar, nunca terá outra chance de falar e tudo consertar. Mas, seguindo todo esse raciocínio, nada está a caminho de conserto, certo?

Mais uma vez, viva e deixe viver. Cada um encontrará sua forma de lidar com o momento. E lembre, não lhe cabe julgar. E, mais, lembre que na dor, as palavras saem torcidas e entram feridas. O engano geral é certo. Principalmente quando escritas ou ditas através de aparelhos. Não se vê o verdadeiro olhar que acompanha a palavra que escrita soa diferente, e muito. Não se sente a respiração e o mexer nervoso de quem deseja ardentemente solucionar, perdoar e ser perdoado; não se vê o corpo a movimentar atraído pela pele e o abraço de que se tem tanta saudade. Até mesmo as palavras aqui lidas podem e serão torcidas. Que dirá a de amantes feridos escritas um para o outro em dor e mágoa. As palavras sempre são lindas, desde que em tempos de paz ou pré-disposição. Senão, deixe estar. A vida dá voltas. Claro, podem ser voltas para longe do outro. Que seja, pois. Continua a vida para ambos, anunciando-se isso ou não. O sol nasce para todos. E um dia, tudo passará. Até estes corpos nesta terra. E este sentimento. Até isso passará.

E entenda que só o amor não basta. Relacionar-se nem sempre é fácil. Mas, sempre, não é todo dia.

Mais uma vez, keep walking. Estamos sempre no caminho. Apenas não pare, seja como for. E deseje todo o amor ao seu anjo. Como o desejo ao meu.

Esteja onde estiver. Hoje e sempre. Como sempre foi.

All my love for you, my angel.

Beijos,
Felipe

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